Toda mulher merece viver sem medo
Quando uma mulher se encontra em um ciclo de violência e não consegue sair, é porque já teve sua capacidade emocional e racional minada. Palavras depreciativas, gritos e agressões físicas roubam dessa mulher a força, a alegria, a coragem — e o medo cresce, tomando proporções absurdas. Ela então se vê impossibilitada de agir, pois seu amor-próprio já não existe.

Por Selma Cezar
Agosto se foi, e vivemos um tempo de reflexão — um tempo em que as redes sociais, a televisão, o rádio e todos os meios de comunicação ficaram focados na violência doméstica. Ações aconteceram em várias cidades e estados, e o Brasil abraçou a causa das vítimas. Porém, o tempo passa, e logo todos se esquecem. Outras pautas tomam o lugar de destaque, e as vítimas voltam ao lugar da solidão, do esquecimento. O ciclo da violência doméstica continua evoluindo e, em muitos casos, leva ao feminicídio.
Pode parecer estranho, mas a violência doméstica não se limita ao lar. Uma mulher presa nesse ciclo precisa também sobreviver aos olhares de julgamento constante — olhares de reprovação, piadas de mau gosto, comentários pejorativos — que são comuns em seu cotidiano. Isso acontece quando ela se desloca ao mercado, à padaria, à escola, e até mesmo em algumas redes de apoio que deveriam oferecer a proteção que ela procura.
Não são poucas as pessoas que se perguntam: por que essa mulher aceita permanecer dentro dessa prisão? Isso parece não ter resposta, mas estudar neurociência e perfil comportamental me fez entender que, na maioria das vezes, essa mulher foi condicionada a viver assim a vida inteira.
É preciso compreender que todo agressor mina as forças da vítima. Quando uma mulher se encontra em um ciclo de violência e não consegue sair, é porque já teve sua capacidade emocional e racional minada. Palavras depreciativas, gritos e agressões físicas roubam dessa mulher a força, a alegria, a coragem — e o medo cresce, tomando proporções absurdas. Ela então se vê impossibilitada de agir, pois seu amor-próprio já não existe.
Para uma mulher que cresceu em um lar onde seus direitos foram violados, talvez não seja tão incomum ser maltratada. Mas isso precisa mudar. Jamais será aceitável que alguém viva dentro da violência — seja ela física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. Esse é um dos motivos que me leva a trabalhar com tanta força para empoderar mulheres. Uma mulher que tem sua autoestima elevada, que possui autoconfiança e conhece seu valor, jamais aceitará ser tratada de qualquer jeito!
Aqui, em Santana de Parnaíba, reforçamos nosso compromisso com a causa. Ampliamos o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência Doméstica, que oferece atendimento especializado e humanizado, com foco na proteção dos direitos da mulher. Entre você também nesta causa. Juntos somos mais fortes!
Comentários (0)